Como as Práticas Integrativas e Complementares crescem no SUS e o que isso significa para você

Nos últimos anos, o Brasil tem se destacado como uma das maiores referências mundiais na integração das terapias naturais e tradicionais aos sistemas públicos de saúde. Desde a criação da Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC) em 2006, o número de atendimentos e a diversidade de terapias disponíveis no Sistema Único de Saúde (SUS) vêm crescendo de forma exponencial.

Em 2024, o Ministério da Saúde registrou um aumento de mais de 70% nos atendimentos em Práticas Integrativas e Complementares em Saúde (PICS) em relação ao ano anterior, totalizando mais de 9 milhões de consultas. Esse dado revela um movimento consistente de transformação: o cuidado integral e a valorização das medicinas tradicionais estão deixando de ser nichos alternativos para se tornarem parte da saúde pública brasileira.

O que são as PICS?

As Práticas Integrativas e Complementares em Saúde (PICS) incluem abordagens como fitoterapia, aromaterapia, acupuntura, meditação, reiki, homeopatia, terapia comunitária integrativa, ayurveda, naturopatia, e outras modalidades reconhecidas pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

Essas práticas partem do princípio de que corpo, mente e ambiente formam uma totalidade indissociável. Assim, o tratamento deve buscar estimular os processos naturais de autocura, em vez de apenas suprimir sintomas.

Por que as PICS estão crescendo no Brasil?

O aumento do interesse pela naturologia e pelas terapias integrativas se deve a uma combinação de fatores sociais, científicos e culturais:

  1. Maior demanda por bem-estar e qualidade de vida.
    A população busca alternativas menos invasivas e mais preventivas para cuidar da saúde.
  2. Evidências científicas crescentes.
    Diversos estudos comprovam a eficácia de práticas como a acupuntura, a meditação e a fitoterapia para o manejo da dor, ansiedade e doenças crônicas.
  3. Políticas públicas de integração.
    O SUS expandiu o número de terapias disponíveis para mais de 29 modalidades reconhecidas, com incentivo à formação de profissionais e à criação de ambulatórios especializados.
  4. Visão ecológica e sustentável da saúde.
    A naturologia e as PICS se alinham com o conceito de “Saúde Única” (One Health), integrando saúde humana, ambiental e espiritual.

O que isso significa para o cidadão

A expansão das PICS no SUS representa mais acesso a terapias seguras e de baixo custo, além de um avanço na visão de saúde integral.

Hoje, qualquer cidadão pode se beneficiar de práticas como acupuntura, auriculoterapia, fitoterapia e meditação em centros de saúde pública, muitas vezes com acompanhamento multiprofissional. Isso reforça o direito ao cuidado ampliado, preventivo e humanizado.

Para o profissional de saúde, esse cenário representa uma nova demanda de formação e atualização, com ênfase em abordagens integrativas, ética no uso de terapias naturais e conhecimento científico sobre medicinas tradicionais.

O papel da Naturologia nesse contexto

A Naturologia surge como um campo essencial para articular o diálogo entre as medicinas tradicionais, a ciência contemporânea e o cuidado integral.

O naturólogo é o profissional preparado para compreender as interações entre corpo, mente e ambiente, utilizando recursos naturais como alimentação, plantas medicinais, terapias corporais e energéticas. A atuação online, em especial, amplia o acesso da população a orientações seguras, personalizadas e baseadas em evidências.

Assim, a Naturologia Online se torna uma ferramenta poderosa de educação em saúde, promoção de bem-estar e integração das práticas complementares no cotidiano das pessoas.

Caminhos para o futuro

Em 2025, a Organização Mundial da Saúde (OMS) lançou a Estratégia Global para Medicina Tradicional, Complementar e Integrativa (2025–2034), que propõe fortalecer a base científica, a regulamentação e a formação de profissionais da área.

O Brasil, como um dos países líderes nesse movimento, tem papel fundamental na construção de políticas que valorizem o conhecimento tradicional e promovam a sustentabilidade da biodiversidade e da cultura local.

O crescimento das PICS no SUS é um convite à reflexão: cuidar da saúde é também cuidar da vida em todas as suas dimensões. A integração entre ciência, tradição e consciência ecológica é o caminho natural para o futuro do cuidado humano.

Bibliografia

  1. Ministério da Saúde (Brasil). (2024). Práticas Integrativas e Complementares em Saúde crescem 70% e ampliam o acesso ao cuidado integral no SUS. Brasília: Ministério da Saúde. Disponível em: https://www.gov.br/saude
  2. Organização Mundial da Saúde (OMS). (2025). Global Strategy for Traditional, Complementary and Integrative Medicine 2025–2034. Geneva: WHO.
  3. Tesser, C. D., Sousa, I. M. C., & Nascimento, M. C. (2018). Práticas integrativas e complementares na atenção primária à saúde: uma análise bibliográfica. Saúde em Debate, 42(118), 296–305.
  4. Sousa, I. M. C. et al. (2021). Avanços e desafios das práticas integrativas e complementares no SUS: uma revisão de literatura. Revista Brasileira de Saúde Pública, 55(1), 1–9.
  5. World Health Organization. (2019). WHO Global Report on Traditional and Complementary Medicine 2019. Geneva: WHO.
  6. Luz, M. T. (2012). Novos saberes e práticas em saúde coletiva: estudos sobre racionalidades médicas e atividades corporais. Hucitec Editora.
  7. Teixeira, M. Z. (2016). Bases conceituais das práticas integrativas e complementares em saúde e sua inserção no SUS. Cadernos de Saúde Pública, 32(8), e00151615.

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